Foz do Iguaçu/PR - CEP: 85856-000
- (45) 3029-2133
Queda da Selic pode levar bancos a emprestar mais para manter lucratividade
Só para se ter uma ideia, com as atuais taxas, o cidadão que compra uma geladeira à vista por R$ 1.500,00, se for financiar em 12 vezes sem entrada, com a taxa de 101,68% ao ano ou 6,02% ao mês, vai pagar R$ 179,11 por mês, com gasto final de R$ 2.14
A redução da taxa básica de juros (Selic) de 9,25% para 8,75% ao ano, anunciada pelo Banco Central na última quarta-feira (22), pode provocar um efeito indireto nas operações de crédito ao consumidor, aumentando o volume de empréstimos bancários.
A análise é da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) e se baseia na expectativa de que a queda contínua dos juros reduza a rentabilidade de investimentos dos bancos com títulos públicos, corrigidos em parte pela Selic, o que levaria as instituições a emprestar mais para manter a lucratividade. Isso, segundo a Anefac, elevará a competição no setor, com redução no custo das operações de crédito ao consumidor final.
Comparativamente, pode-se verificar, segundo dados da Anefac, que os juros no comércio continuam extremamente altos, com queda média de 102,59% para 101,68% ao ano, embora a taxa Selic tenha caído de 9,25% para 8,75% ao ano. Em média, os juros cobrados da pessoa física estão em 131,87% ao ano.
Só para se ter uma ideia, com as atuais taxas, o cidadão que compra uma geladeira à vista por R$ 1.500,00, se for financiar em 12 vezes sem entrada, com a taxa de 101,68% ao ano ou 6,02% ao mês, vai pagar R$ 179,11 por mês, com gasto final de R$ 2.149,32.
O vice-presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, lembra que, até março deste ano, os bancos ainda estavam aumentando as taxas, restringindo o crédito e continuavam sendo mais seletivos na concessão de crédito, com prazos menores.
Porém, a melhora do cenário no país e no exterior trouxe de volta o crédito. Entre outras medidas adotadas pelo Banco Central para impulsioná-lo, está a liberação do depósito compulsório, que é o recolhimento obrigatório que os bancos fazem ao BC sobre o total de depósitos à vista. Além disso, os bancos públicos reduziram as taxas, o que aumentou a oferta de crédito ao consumidor.
“Então, o pior da crise ficou para trás e se reflete nas ações dos próprios bancos, que voltaram a ampliar mais a oferta e as condições do crédito. Tivemos a volta das condições do crédito que havia antes, com os bancos ampliando os prazos e reduzindo taxas de juros. Os bancos não sendo tão seletivos e voltaram a assediar os clientes”, disse o vice-presidente da Anefac.
Oliveira admite que o fato de a taxa de juros para o consumidor final não ter acompanhado na mesma velocidade a Selic continua sendo um problema, embora um pouco menor do que durante a crise.
De acordo com ele, embora o Banco Central tenha começado a reduzir a Selic a partir de janeiro, com quedas consecutivas, o problema ocorreu por causa do aumento da inadimplência, já que o risco subiu.
“Em um ambiente desses, no qual se esperava um dos piores dos mundos pela frente, os bancos começaram a retardar essas quedas, esses repasses das taxas ao consumidor. Então, puseram o pé no freio. O que aconteceu é que as taxas de juros estavam em processo mais veloz do que as taxas de juros aos consumidores”, afirmou.
Ele observa que, a partir de junho, houve uma menor preocupação com o calote. Tanto que no último relatório do Banco Central a inadimplência deu um pequeno recuo. Oliveira espera que os bancos comecem a repassar a queda da Selic para os consumidores.
“A gente está esperando que, daqui para frente, as taxas ao consumidor possam cair por conta desse conjunto de fatores. Até numa velocidade maior do que a queda da Selic, por causa de um competição maior que se inicia no sistema financeiro. É a nossa expectativa”.