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Baixa taxa de desemprego dificulta redução
A inflação dos serviços deve demorar um pouco mais para cair nesta crise, porque a taxa de desemprego estava muito baixa. Mas já começa a subir e, pelas projeções do Banco Central, ainda vai chegar ao seu pico.
A inflação dos serviços deve demorar um pouco mais para cair nesta crise, porque a taxa de desemprego estava muito baixa. Mas já começa a subir e, pelas projeções do Banco Central, ainda vai chegar ao seu pico.
Pelas projeções do BC, o desemprego médio deste ano será de 8,8%, acima da média observada em 2008, de 7,9%, que, por sua vez, era o menor patamar da série do IBGE. Em maio, o desemprego ficou em 8,8%, acima dos 7,9% observados no mesmo mês de 2008. Pelas projeções do BC, deverá atingir seu pico de 9,8% em julho e, daí em diante, apresentar arrefecimento, fechando o ano em 7,6%.
Há outros fatores que determinam os preços dos serviços, como inflação passada e reajustes do salário mínimo. Mas, para saber como o nível de atividade econômica afeta os preços dos serviços, a taxa de desemprego é um indicador central. A mão de obra é o principal insumo do setor de serviços. E os serviços são o segmento mais importante na composição do Produto Interno Bruto, com participação de cerca de dois terços.
"Os últimos meses mostram retração no mercado de trabalho, em parte sazonal, mas que eventualmente pode se intensificar, haja vista que em geral o emprego reage com alguma defasagem aos desenvolvimentos do nível de atividade", afirma o BC em seu relatório de inflação.
Nos últimos anos, o BC vem se dedicando a investigar a relação entre taxa de desemprego e inflação no Brasil. A teoria por trás dos estudos é que, se o desemprego sobe acima de determinado nível, conhecido como taxa natural de desemprego, a inflação costuma cair. No começo do ano passado, o BC divulgou, pela primeira vez, seus cálculos sobre a taxa natural de desemprego - que, àquela época, foi estimada entre 7,4% e 8,5%. Se a taxa média de desemprego subir a 8,8%, vai ficar acima da taxa natural de desemprego, contribuindo para baixar a inflação.
O estrategista-chefe do WestLB do Brasil, Roberto Padovani, também acha que os preços dos serviços vão cair, mas não por fatores diretamente ligados à atividade econômica. "Não encontrei evidências fortes que relacionem atividade econômica com preços dos serviços." Os serviços estão mais vinculados, afirma, a fatores como inflação passada e expectativas de inflação. A atividade econômica, pondera, chega à inflação de serviços apenas de forma indireta, ao contribuir para reduzir a inflação de outros segmentos do IPCA e influenciar as expectativas inflacionárias.